Pular para o conteúdo principal

Rede social leva Sheherazade a pedir para sair da Jovem Pan

Jornalista se
 defende do ódio
 com mais ódio
Em março, uma petista publicou no Twitter uma foto com a seguinte legenda: “Cuidado com essa imagem que vou mostrar agora, é para estômagos fortes”. A foto era da jornalista Rachel Sheherazade (foto) com seus dois filhos e marido em uma manifestação contra o governo.

Com a publicação da foto, que se espalhou pela rede social, a jornalista se deu conta de que não mais pode participar com a família de um evento público sem que sofra hostilidade. Na época, ela prometeu que ia processar a petista.

Se resolvesse processar todos que a criticam na internet com contundência, inclusive com xingamentos e comentários preconceituosos, e não só de petistas, Sheherazade não faria outra coisa. Na rede social, a percepção é de que ela é mais odiada do que benquista.

É de se pressupor, por isso, que a pressão da rede social pesou bastante em sua decisão abrupta de pedir demissão de comentarista do Jornal da Manhã, da rádio Jovem Pan, ainda que ela diga que saiu para cuidar dos filhos.

A jornalista continua como apresentadora do SBT Brasil, embora alguns de seus colegas de lá gostassem que saísse de fininho e não voltasse mais. Como se sabe, a direção do telejornal proibiu-a de fazer comentários, além de careta após a locução de notícia, para não manifestar julgamento de juizo.

Sheherazade tem sido a musa do conservadorismo primário, com um ranço neopentecostal. Ela é contra o casamento gay, a plenitude do Estado laico, etc.

Até aí, tudo bem. É direito dela e de qualquer um opinar sobre tudo, mesmo sem propriedade, por mais estupidez que contenha.

A questão é que, ao ser linchada na rede social, ela experimenta o seu próprio veneno.

Ficou famoso o seu comentário em que disse ser “compreensível” a surra que um grupo de justiceiros tinha dado em um jovem negro suspeito de ter cometido um delito. Jovem que foi amarrado a um poste, com na época da escravidão.

Em seus comentários, na Jovem Pan, ela usava adjetivos como “fascistoides”, “imbecis” e “idiotas” para qualificar, por exemplo, militantes intransigentes da esquerda.

Ou seja, ela vinha combatendo um discurso de ódio com... outro discurso de ódio.

Distante a quilômetros do Reinaldo Azevedo — um comentarista autoproclamado de direita e também virulento, mas sempre com os pés do jornalismo —, Sheherazade é incapaz de rechear sua retórica de impropérios com uma boa argumentação.

Faltam-lhe preparo intelectual, cultura, além de bom senso e equilíbrio. Como não leu alguns livros básicos, ela se baseia na Bíblia, pelo menos essa é a impressão que fica.

É mais uma profissional do bate-boca do que uma comentarista séria, a quem se ouve mesmo estão às vezes em total desacordo, que é o caso do Azevedo.

Os comentários de Sheherazade são primários, toscos e incultos. Em um deles, por exemplo, ela deu a entender que a civilização começou com o cristianismo.

Ela é um Bolsonaro de saia, e não uma versão feminina de um Reinaldo Azevedo, o qual, aliás, eclipsou-a na Pan.

Azevedo escreveu em seu blog alguns comentários favoráveis ao deputado Eduardo Cunha, que está atolado até o pescoço de acusação de corrupção, como se sabe, mas ele sempre deixou uma brecha para recuar, o que tem acontecido.

Sheherazade não possui tal sofisticação argumentativa. Ela é binária. É preto ou branco. Para ela não existem os incontáveis tons de cinza.

Em um de seus últimos comentários na Jovem Pan, ela fez uma defesa de Eduardo Cunha dizendo que o deputado não “passa de um investigado” e que, mesmo assim, “se tornou o “boi de piranha”

“Enquanto [Cunha] é devotado pelos inimigos, o rebanho de corruptos atravessa o rio, imune, ileso, impune”, escreveu.

Posteriormente, sobre a liberação pelo Ministério Público da Suíça de documentos relativos às contas irregulares de Cunha naquele país, a jornalista nada falou.

A esta altura, só Sheherazade e o deputado Pastor Marco Feliciano são condescendentes para com Cunha. Até Silas Malafaia abandonou o barco há algum tempo.

É curioso: a evangélica Sheherazade não demonstrou nenhuma compaixão cristã, por assim dizer, ao adolescente negro que foi surrado por justiceiros por ser suspeito de cometer delitos. Mas a Cunha, outro suspeito, só que de corrupção envolvendo milhões de dólares, ela atribuiu o benefício da dúvida, enquanto não houver condenação.

A rigor, Sheherazade não é jornalista, mas militante, tanto quanto os da esquerda intransigente, só que no extremo oposto.

Nada contra, faz parte do jogo democrático, só que ela se deveria se assumir com tal.

Rigor com o "marginalzinho" e 
benevolência com o "marginalzão"



Com foto de divulgação.





'SBT Brasil' veta opiniões de Sheherazade; Malafaia protesta

Comentários

Post mais lidos nos últimos 7 dias

Canadenses vão à Justiça para que escola distribua livros ateus

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Prefeito de São Paulo veta a lei que criou o Dia do Orgulho Heterossexual

Kassab inicialmente disse que lei não era homofóbica

Bento 16 associa união homossexual ao ateísmo

Papa passou a falar em "antropologia de fundo ateu" O papa Bento 16 (na caricatura) voltou, neste sábado (19), a criticar a união entre pessoas do mesmo sexo, e, desta vez, associou-a ao ateísmo. Ele disse que a teoria do gênero é “uma antropologia de fundo ateu”. Por essa teoria, a identidade sexual é uma construção da educação e meio ambiente, não sendo, portanto, determinada por diferenças genéticas. A referência do papa ao ateísmo soa forçada, porque muitos descrentes costumam afirmar que eles apenas não acreditam em divindades, não se podendo a priori se inferir nada mais deles além disso. Durante um encontro com católicos de diversos países, Bento 16 disse que os “cristãos devem dizer ‘não’ à teoria do gênero, e ‘sim’ à aliança entre homens e mulheres no casamento”. Afirmou que a Igreja defende a “dignidade e beleza do casamento” e não aceita “certas filosofias, como a do gênero, uma vez que a reciprocidade entre homens e mulheres é uma expressão da bel...

Eleição de Haddad significará vitória contra religião, diz Chaui

Marilena Chaui criticou o apoio de Malafaia a Serra A seis dias das eleições do segundo turno, a filósofa e professora Marilena Chaui (foto), da USP, disse ontem (23) que a eleição em São Paulo do petista Fernando Haddad representará a vitória da “política contra a religião”. Na pesquisa mais recente do Datafolha sobre intenção de votos, divulgada no dia 19, Haddad estava com 49% contra 32% do tucano José Serra. Ao participar de um encontro de professores pró-Haddad, Chaui afirmou que o poder vem da política, e não da “escolha divina” de governantes. Ela criticou o apoio do pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus do Rio, a Serra. Malafaia tem feito campanha para o tucano pelo fato de o Haddad, quando esteve no Ministério da Educação, foi o mentor do frustrado programa escolar de combate à homofobia, o chamado kit gay. Na campanha do primeiro turno, Haddad criticou a intromissão de pastores na política-partidária, mas agora ele tem procurado obter o apoio dos religi...

Existe uma relação óbvia entre ateísmo e instrução

de Rodrigo César Dias   (foto)   a propósito de Arcebispo afirma que ateísmo é fenômeno que ameaça a fé cristã Rodrigo César Dias Acho que a explicação para a decadência da fé é relativamente simples: os dois pilares da religião até hoje, a ignorância e a proteção do Estado, estão sendo paulatinamente solapados. Sem querer dizer que todos os religiosos são estúpidos, o que não é o caso, é possível afirmar que existe uma relação óbvia entre instrução e ateísmo. A quantidade de ateus dentro de uma universidade, especialmente naqueles departamentos que lidam mais de perto com a questão da existência de Deus, como física, biologia, filosofia etc., é muito maior do que entre a população em geral. Talvez não existam mais do que 5% de ateus na população total de um país, mas no departamento daqueles cursos você encontrará uma porcentagem muito maior do que isso. E, como esse mundo de hoje é caracterizado pelo acesso à informação, como há cada vez mais gente escolarizada e dipl...

Papa afirma que casamento gay ameaça o futuro da humanidade

Bento 16 disse que as crianças precisam de "ambiente adequado" O papa Bento 16 (na caricatura) disse que o casamento homossexual ameaça “o futuro da humanidade” porque as crianças precisam viver em "ambientes" adequados”, que são a “família baseada no casamento de um homem com uma mulher". Trata-se da manifestação mais contundente de Bento 16 contra a união homossexual. Ela foi feita ontem (9) durante um pronunciamento de ano novo a diplomatas no Vaticano. "Essa não é uma simples convenção social", disse o papa. "[Porque] as políticas que afetam a família ameaçam a dignidade humana.” O deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) ficou indignado com a declaração de Bento 16, que é, segundo ele, suspeito de ser simpático ao nazismo. "Ameaça ao futuro da humanidade são o fascismo, as guerras religiosas, a pedofilia e o abusos sexuais praticados por membros da Igreja e acobertados por ele mesmo", disse. Tweet Com informação...

Roger Abdelmassih agora é também acusado de erro médico

Mais uma ex-paciente do especialista em fertilização in vitro Roger Abdelmassih (foto), 65, acusa-o de abuso sexual. Desta vez, o MP (Ministério Público) do Estado de São Paulo abriu nova investigação porque a denúncia inclui um suposto erro médico. A estilista e escritora Vanúzia Leite Lopes disse à CBN que em 20 de agosto de 1993 teve de ser internada às pressas no hospital Albert Einstein, em São Paulo, com infecção no sistema reprodutivo. Uma semana antes Vanúzia tinha sido submetida a uma implantação de embrião na clínica de Abdelmassih, embora o médico tenha constatado na ocasião que ela estava com cisto ovariano com indício de infecção. Esse teria sido o erro dele. O implante não poderia ocorrer naquelas circunstâncias. A infecção agravou-se após o implante porque o médico teria abusado sexualmente em várias posições de Vanúzia, que estava com o organismo debilitado. Ela disse que percebeu o abuso ao acordar da sedação. Um dos advogados do médico nega ter havido violê...

Médico acusado de abuso passa seu primeiro aniversário na prisão

Roger Abdelmassih (reprodução acima), médico acusado de violentar pelo menos 56 pacientes, completou hoje (3) 66 anos de idade na cela 101 do pavilhão 2 da Penitenciária de Tremembé (SP). Foi o seu primeiro aniversário no cárcere. Filho de libaneses, ele nasceu em 1943 em São João da Boa Vista, cidade paulista hoje com 84 mil habitantes que fica a 223 km da capital. Até ser preso preventivamente no dia 17 de agosto, o especialista em reprodução humana assistida tinha prestígio entre os ricos e famosos, como Roberto Carlos, Hebe Camargo, Pelé e Gugu, que compareciam a eventos promovidos por ele. Neste sábado, a companhia de Abdelmassih não é tão rica nem famosa e, agora como o próprio médico, não passaria em um teste de popularidade. Ele convive em sua cela com um acusado de tráfico de drogas, um ex-delegado, um ex-agente da Polícia Federal e um ex-investigador da Polícia Civil. Em 15 metros quadrados, os quatros dispõem de três beliches, um vaso sanitário, uma pia, um ch...