Pular para o conteúdo principal

MEC critica ensino religioso em proposta para novo currículo

por Alex de Paula
para A Tarde, de Salvador

Documento
faz defesa do
Estado laico
É correto oferecer ensino religioso direcionado apenas a uma crença, em um Estado laico? Com esse questionamento, a nova proposta de currículo nacional apresentada pelo Ministério da Educação (MEC) indica novos rumos a serem seguidos nas escolas do país.

A crença a qual o MEC se refere é a católica.

O documento, que fica disponível para consulta pública até o final do ano, critica doutrinas que se autorreferenciam como verdade exclusiva e o ensino religioso apresentado atualmente, mencionando que esse modelo virou um elemento de disputa entre o Estado e instituições religiosas.

A ideia é proporcionar liberdade de expressão religiosa nas salas de aulas, do 1º ao 9º ano escolar, "atendendo a reivindicações da sociedade civil, de sistemas de ensino e de instituições de educação superior que almejavam o reconhecimento de culturas, de tradições e de grupos religiosos e não religiosos que integram a complexa e diversa sociedade brasileira", conforme escrito no documento.

"Eu percebo que os alunos não chegam ao ensino superior com o conhecimento que foi trabalhado na educação básica. Na maioria das vezes este é origem de experiências comuns e familiares", relatou a filósofa Naurelice Maia de Melo.

Seguindo as propostas do currículo, o estudante do 8º ano, por exemplo, deve "perceber os limites e possibilidades da atuação de grupos religiosos em um estado laico e em uma sociedade construída na diversidade cultural religiosa".

Na visão de Lúcio Gomes Dantas, diretor do colégio Marista Patamares, em Pituaçu, o Estado laico é constituído na diversidade cultural, inclusive em suas manifestações religiosas e não religiosas.

"Seria limitador negar a religiosidade na cultura brasileira, bem como entendemos que o elemento possibilitador é a abertura que o estado laico apresenta para as várias manifestações religiosas e não religiosas. Essa pluralidade enriquece valores como tolerância e a construção da própria alteridade", afirmou Dantas.

Já no 9º ano, os alunos deverão compreender os sentidos e significados da vida e da morte para o ateísmo, niilismo, ceticismo e agnosticismo.

"Para mim, isso é um assunto de fórum íntimo que deve ser resolvido com a família. Escola é um espaço de aprendizagens significativas de inserção social", disse Iraildes Nascimento, diretora da escola municipal Eugênia Anna dos Santos, localizada no bairro de São Gonçalo.

Para José Braga, coordenador pastoral do Marista, o significado da vida e da morte não deve ser tratado isoladamente, mas de uma forma que ajude os estudantes a interpretar o mundo de forma sistêmica.

Para o pedagogo Nelson Souza, a reforma do currículo é uma ação positiva e que deve ir de encontro à realidade do país.

"Ninguém pode impor a crença de outra pessoa, muito menos a escola. Tem que dar liberdade porque a própria Constituição brasileira estabelece essa autonomia de culto", afirmou Souza.

Apesar de ser uma instituição cristã, o Colégio Anchieta, que possui unidades na Pituba, no Itaigara e no Aquarius, não oferece ensino religioso obrigatório ao seus alunos.

"Temos uma catequese livre apenas para o 6º ano, por pedido dos pais. Não somos um colégio ligado à igreja" afirmou João Batista, diretor do Anchieta.





Ensino religioso em escolas de um Estado laico é aberração

Comentários

Post mais lidos nos últimos 7 dias

Padre afirmava que primeiros fósseis do Brasil eram de monstros bíblicos, diz livro de 1817

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Milagrento Valdemiro Santiago radicaliza na exploração da fé

Alunos evangélicos de escola de Manaus recusam trabalho de cultura africana

'Meu filho gay não representa nenhuma ameaça à humanidade'

por Paulo R. Cequinel  em resposta a um leitor no post Milhares de europeus católicos e protestantes pedem desbatismo Para que as coisas todas fiquem sempre muito claras, prezado Jefferson, devo dizer que meu filho mais novo é gay e que decidiu viver sua sexualidade abertamente. Como pai tenho o dever incontornável de, enquanto eu estiver por aqui, defender os valores, a honra, a imagem e a vida do meu menino. Eu, imoral? Meu filho, imoral e anticristão? A cada 36 horas uma pessoa LGBTT é assassinada neste país, e uma das razões, a meu juízo, é a evidente legitimação social que a LGBTT-fobia de origem religiosa empresta aos atos de intolerância e de violência contra essas pessoas que são, apenas, diferentes. Meu filho não ameaça nenhuma família ou a humanidade, como proclamou o nazistão do B16 recentemente. Aos 18, estuda muito, já trabalha, é honesto, é amoroso, é respeitado por seus companheiros de escola (preside o grêmio estudantil) e é gay, e não se esconde, e não

Comissão vai apontar religiosos que ajudaram a ditadura

Pinheiro disse ser importante revelar quem colaborou com os militares A Comissão Nacional da Verdade criou um grupo para investigar padres, pastores e demais sacerdotes que colaboraram com a ditadura militar (1964-1985), bem como os que foram perseguidos. “Os que resistiram [à ditadura] são mais conhecidos do que os que colaboraram”, afirmou Paulo Sérgio Pinheiro (foto), que é o coordenador desse grupo. “É muito importante refazer essa história." Ele falou que, de início, o apoio da Igreja Católica ao golpe de Estado “ficou mais visível”, mas ela rapidamente se colocou em uma “situação de crítica e resistência.” O bispo Carlos de Castro, presidente do Conselho de Pastores do Estado de São Paulo, admitiu que houve pastores que trabalharam como agentes do Dops, a polícia de repressão política da ditadura. Mas disse que nenhuma igreja apoiou oficialmente os militares. No ano passado, a imprensa divulgou o caso do pastor batista e capelão Roberto Pontuschka. De dia ele co

Veja 14 proibições das Testemunhas de Jeová a seus seguidores

Comentaristas da Jovem Pan fazem defesa vergonhosa do cristianismo bolsonarista

Pastora Sarah Sheeva fala da época em que era 'cachorrete'

Sarah Sheeva (foto), 39, contou um pouco sobre como era a sua vida de “cachorrete”, de acordo com seu vocabulário, quando acabou o seu casamento. “Eu era igual a sabonete de rodoviária”, disse. “Eu passava de mão em mão e era arrogante quando falava dos meus pecados.” Nesta época, foi ninfomaníaca.

Justiça mantém Deus no real para não gerar 'intranquilidade'

do Valor Econômico 7ª Vara de SP aceitou alegação de que não há desrespeito ao Estado laico Com base na alegação do Banco Central de que a retirada da expressão "Deus seja louvado" das cédulas do real iria custar R$ 12 milhões aos cofres públicos e gerar "intranquilidade" na sociedade, a juíza federal Diana Brunstein, da 7ª Vara da Justiça negou o pedido feito pelo Ministério Público de São Paulo para alterar o papel-moeda nacional. Diana entendeu que a menção a Deus nas "cédulas monetárias não parece ser um direcionamento estatal na vida do indivíduo que o obrigue a adotar ou não determinada crença". A juíza também considerou que a alegação do MP de que as cédulas representam afronta à liberdade religiosa não veio acompanhada de dados concretos colhidos junto à sociedade que denotassem qualquer incômodo com o uso da expressão "Deus". A decisão é provisória e negou o pedido de antecipação de tutela para que as futuras cédulas do rea