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Arcebispa sueca questiona concepção virginal de Jesus

por Henrik Lindell
para revista La Vie

Antje Jackelén
Antje sugeriu que
 Jesus não é o único 
caminho para Deus
A Igreja da Suécia, a maior Igreja luterana do mundo, escolheu uma nova arcebispa ao término de um processo democrático interno. Antje Jackelén (foto), atualmente bispa de Lund, será, assim, a primeira mulher a dirigir essa Igreja a partir de 15 de junho, sucedendo Anders Wejryd.

Mas, recém-nomeada, a futuro arcebispa de Upsalajá levantou um amplo debate teológico nos ambientes cristãos. Durante as audiências antes da sua eleição, a eclesiástica, que também é teóloga, deu a entender que estava pondo em discussão a concepção e o nascimento virginal de Jesus. "Se compreendemos o nascimento virginal como uma questão biológica, não entendemos nada dessa história", explicou.

Ela também sugeriu que Jesus não é o único caminho que leva a Deus, mas que pode haver outros. Para muitos luteranos suecos, muitas vezes de orientação liberal, Jackelén, assim, compartilhou, tornando-o público, uma dúvida legítima, insistindo na necessidade de interpretar os fenômenos sobrenaturais descritos na Bíblia.

Mas, para os cristãos apegados às verdades bíblicas tradicionais, esse discurso não está nada bem. Para eles, Jesus verdadeiramente nasceu de uma virgem, e o fato de questionar isso poderia levar a duvidar da divindade do filho de Deus. Do mesmo modo, Jesus é verdadeiramente o único caminho que conduz ao Pai.

No mais difundido jornal cristão sueco, que é de origem evangélica, os editorialistas se mostraram publicamente perturbados pela falta de clareza da futura arcebispa.

Dentro da própria Igreja luterana, muitos se distanciaram de Jackelé. Como Eva Hamberg, pastora e teóloga, membro da importante Comissão de Formação (läronämnd) da Igreja. Ela se demitiu de todos os seus cargos e abandonou a Igreja luterana.

"Se a nossa futura arcebispa não pode mais aceitar a confissão apostólica, isso significa que a secularização foi longe demais. Eu não quero mais fazer parte dessa evolução", declarou ela ao jornal Dagen. Segundo ela, uma grande parte da direção da Igreja luterana "não sabe mais se Jesus apresenta uma concepção de Deus mais verdadeira do que a de Maomé".

Do mesmo modo, ela critica Jackelén pela sua interpretação "metafórica" do nascimento virginal de Jesus. Eva Hamberg está pensando em entrar em uma Igreja batista ou pentecostal "ainda pouco afetada pela secularização".

E, em uma carta aberta publicada no grande jornal Svenska Dagbladet, o teólogo e pesquisador da Universidade de Lund Martin Lembke pediu que Antje Jackelén respondesse à pergunta: "Você acredita que Jesus nasceu de uma virgem ou não?"

Na resposta ao teólogo, Jackelén nega ter recusado o fato de admitir o nascimento virginal: "Eu queria ressaltar que, se reduzirmos a história a uma questão biológica, obscurecem-se as implicações teológicas de Jesus e de Maria". Ela também confirma que "não se deveria obscurecer o mistério da Encarnação e relativizar a sua unicidade".

Concepção de Jesus virou
 polêmica entre os cristãos
Mas, como Martin Lembke afirma em uma nova intervenção no jornal Svenska Dagbladet do dia 28 de outubro, a futura arcebispa não respondeu à sua pergunta. Ele volta a questionar: "Ou Maria teve relações sexuais antes de dar à luz a Jesus, ou não. Não é uma questão sutil de interpretação ou uma falsa dicotomia – qualquer que sejam os gêneros literários de Mateus e Lucas. E o fato de dizer qual das versões seria a mais provável, a menos que se ache ambas igualmente prováveis, não significa reduzir o nascimento virginal ou a fé em Jesus à biologia".

Esse debate também está sobrecarregado em um plano simbólico. Martin Lembke, o jovem crítico da bispa teóloga de Lund, também leciona na mesma cidade universitária, um dos berços históricos do cristianismo na Suécia. Mas, ao contrário do Antje Jackelén, profundamente ligada ao luteranismo alemão (ela nasceu na Alemanha), Lembkeprovém do evangelismo pentecostal.

Depois de passar por uma crise existencial, ele se converteu ao... catolicismo. É um fenômeno muito frequente entre os jovens intelectuais cristãos na Suécia. E esse aceso debate com a futura arcebispa está apenas começando.





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