Pular para o conteúdo principal

Religiões que dão ênfase ao inferno atraem mais dinheiro


por Rachel McCleary
para BBC Brasil

Pastor que prega danação do diabo
recebe mais contribuições dos fiéis
A religião é uma instituição financeira tanto quanto espiritual. Sem doações dos fiéis, as religiões como organizações sociais não sobreviveriam.

Não é surpreendente que as maiores religiões do mundo - Judaísmo, Cristianismo, Islamismo, Budismo e Hinduísmo - promovam a acumulação de riquezas através de seus sistemas de crenças, o que contribui para a prosperidade econômica.

Incentivos espirituais como a danação e a salvação são motivadores eficientes. Por isso, religiões que dão ênfase à crença no inferno são mais propensas a contribuírem para a prosperidade econômica do que as que enfatizam a crença no paraíso.

As religiões que têm foco na crença no paraíso dão mais importância a atividades redistributivas (caridade) para diminuir o tempo das pessoas no inferno e chegar mais perto do paraíso.

Já o incentivo que se baseia na crença no inferno parece mais eficiente para o comportamento econômico, porque motiva os fiéis a trabalhar mais duro para evitar a danação.

A estrutura organizacional, assim como o sistema de crenças de uma religião, afeta diretamente sua habilidade de arrecadar fundos dos fiéis.


Pastor pega como oferta único par de tênis de uma criança (vídeo)
agosto de 2011


A riqueza das religiões, de maneira muito semelhante à riqueza das nações, depende da estrutura de sua organização. Mas, diferentemente das corporações, as finanças das religiões não são transparentes para o público nem são monitoradas.

Algumas estruturas religiosas são hierárquicas como a da Igreja Católica Romana, com a concentração de riqueza no clero e no Papado. Por contraste, as igrejas evangélicas e pentecostais favorecem um acúmulo de riqueza de pai para filho.

O famoso evangelista americano Billy Graham e seu filho William Franklin Graham 3º, que assumiu a presidência da associação evangelista do pai, são um exemplo de como o poder espiritual e a riqueza de uma religião são mantidos pelos laços familiares.

Outras organizações tendem a ser descentralizadas e comunitárias por natureza, como o judaísmo, com as sinagogas locais mantendo a autonomia sobre as finanças.

Mas as religiões coletivas, como as monoteístas, requerem a crença exclusiva em um só Deus e contam financeiramente com tributos e doações voluntárias de seus membros.

Como consequência, um templo, igreja ou mesquita exerce pressão coletiva e outros tipos de sanções grupais para garantir a ajuda financeira contínua dos fiéis à religião.

No entanto, uma dificuldade constante enfrentada pelas religiões é que muitos membros decidem agir de acordo com sua própria vontade e não dar apoio financeiro.

Outro tipo de estrutura religiosa é a privada ou difusa. Hinduísmo e budismo são religiões privadas, em que os fiéis realizam atos religiosos sozinhos e pagam uma taxa para um monge pelo serviço.

Nestes casos, as atividades religiosas são partes da vida diária e podem ser feitas a qualquer momento do dia. Elas não requerem nem um grupo de fiéis nem a presença dos monges.

Estas religiões privadas tendem a ser politeístas e sustentadas financeiramente pelo pagamento de uma taxa de serviço.

Religiões com muitos recursos, como o catolicismo romano e o islamismo, historicamente foram - algumas vezes - monopólios financiados pelo Estado.

A regulação da religião pelo Estado pode reduzir a qualidade das vantagens espirituais na medida em que aumenta a capacidade da religião de acumular riqueza. Mas uma religião subsidiada pelo Estado pode ter um efeito positivo na participação religiosa.

Por exemplo, os governos da Dinamarca, Suécia, Alemanha e Áustria subsidiam muitas religiões para a manutenção de suas propriedades, a educação do clero e os serviços sociais.

Mesmo que isso não necessariamente aumente o número de pessoas que frequentam a igreja, o investimento financeiro do Estado nas instituições religiosas aumentou as oportunidades das pessoas de participarem de atividades patrocinadas pela religião.

Rachel McCleary é pesquisadora de religião e economia da Universidade de Harvard.


Deputado propõe isenção só às igrejas com transparência em contas
julho de 2011


Post mais lidos nos últimos 7 dias

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

CRP dá 30 dias para que psicóloga deixe de fazer proselitismo religioso

Alunos evangélicos de escola de Manaus recusam trabalho de cultura africana

Reino Unido discute crueldade do abate religioso de animais

Para judeus e muçulmanos, carne fica impura se animal for morto atordoado Entidades protetoras de animais e de veterinários e a Sociedade Nacional Secular colocaram em debate no Reino Unido a crueldade dos abates religiosos que são feitos sem o atordoamento dos animais. Elas propuseram ao governo que acabe com as isenções fiscais das religiões que insistem em praticar esse tipo de abate. Judaísmo e o islamismo são as religiões que se opõem à adoção do abate humanitário. Líderes de ambas recorrem a suas respectivas escrituras sagradas para argumentar que os animais têm de serem abatidos conscientes porque, se não for assim, sua carne fica impura, tornando-se imprópria para o consumo. Os sacerdotes afirmam que adotam técnicas que minimizam o sofrimento do animal no momento de sua morte. Essa justificativa não tem respaldo científico. Stephen Evans, gerente de campanhas da Sociedade Secular, criticou o governo por permitir que os abatedouros que não atordoam os animais forneç...

Sam Harris se defende de ataques do ex-amigo Elon Musk, 'um avatar do caos'

Cinco deuses filhos de virgens morreram e ressuscitam. E nenhum deles é Jesus

Filho de Jeová é cópia de deuses da antiguidade O relato bíblico da vida de Jesus Cristo é parecido com o de deuses de diversas culturas anteriores ao cristianismo. As coincidências são tantas que, para estudiosas, a explicação só pode ser uma: Jesus foi inventado por grupos de judeus com base nas divindades da antiguidade. Seguem cinco exemplos de deuses que serviram de modelos para construção de Jesus. 1. Hórus (3.100 a.C.) Hórus era o Deus do Céu no Egito Antigo. Estudiosos argumentam que ele foi o modelo mais consistente na qual se baseou a história de Jesus. Ele tinha 12 discípulos — um deles nasceu de uma virgem em uma caverna. Como Jesus, seu nascimento foi anunciado por uma estrela e três sábios. Hórus foi batizado quando tinha 30 anos por Anup, o batista, assim como Jesus foi por João Batista no Rio Jordão. O deus do Egito caminhou sobre as águas e ressuscitou um morto. Foi crucificado e voltou a viver no terceiro dia. 2. Buda (563 a.C.) Siddhartha ...

Ateu, Chico Anysio teve de enfrentar a ira de crentes

Veja 14 proibições das Testemunhas de Jeová a seus seguidores

PM ateu de Cuiabá acusa tenente-coronel evangélico de perseguição