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Chega de ser explorado por lojas, cartões e bancos

por Maria Inês Dolci, para a Folha

O presidente está preocupado com os abusos cometidos pelas administradoras de cartões de crédito. Bom para os norte-americanos que o presidente em questão seja Barack Obama, dos Estados Unidos. Por aqui, os cartões continuam cobrando juros absurdos no crédito rotativo, mas não comoveram nenhuma autoridade do governo brasileiro.

O que irritou Obama? Envio de cartões não solicitados? Não, elevação de taxas de juros e tarifas de cartões, mesmo enquanto há forte restrição de crédito no mercado deles.

Juros abusivosNo Brasil, justiça seja feita, não são somente as operadoras de dinheiro de plástico a desrespeitar o consumidor. Nas lojas, os avisos sobre as taxas de juros assustam. Mais de 200%, em um grande magazine no qual estive na véspera do Dia das Mães.

Não bastasse esse juro absurdo, para uma inflação em torno de 5% ao ano, ainda havia avisos aterrorizantes para multas, juros de mora e outras medidas em caso de atraso de pagamento de alguma parcela do crediário.

Ficar de olho nessas questões e agir, como promete o presidente Obama, seria excelente também entre nós. Principalmente porque se multiplicam créditos consignados e outras formas de endividamento.

Com tantos estímulos às compras, para reduzir os efeitos da crise econômica na indústria e no comércio, o trabalho de Santa Edwiges, a padroeira dos endividados, fica cada vez mais intenso.

É lamentável que as lojas, em lugar de viver dos lucros das vendas realizadas, funcionem como bancos e financeiras. Tanto é verdade, que as maiores redes investem com gosto nos "produtos financeiros".

Quase sempre, empréstimos a taxas descomunais, irreais, que atraem justamente os de menor renda.

Hoje, quem entra em um estabelecimento desses para uma simples compra ou consulta sobre preços de produtos é imediatamente assediado para adquirir o cartão com a bandeira da empresa.

Quase todas falam em isenção de anuidades, mas, em letrinhas miúdas, está lá: uma taxa para quem não utilizar o cartão. Seria muito bom para nós que fosse passado um pente-fino, também, nessas financeiras que colocam seus vendedores na rua, atacando os transeuntes, oferecendo dinheiro sem exigir qualquer tipo de comprovante de renda. Isso, por si só, demonstra que o negócio não é sério.

Quem empresta sem garantia de receber? Resposta: quem cobra taxas de corar os agiotas do passado.

Toda vez que alguém propõe medidas para frear abusos econômicos, é chamado de intervencionista, saudosista da estatização e do comunismo. Duvido que seja o caso dos Estados Unidos e de seu presidente.

Então, espero que esse exemplo positivo frutifique no Brasil, evitando que nossos cidadãos sejam tosquiados pelos juros cobrados em lojas, bancos, financeiras e operadoras de cartões de crédito. Lá e cá, chega de exploração!

> MPE quer que lojas parem com o roubo dos juros ocultos. (novembro de 2008)

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