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Por que alguém desfila para pedir repressão para os outros?

Título original: Passeatas diferentes

por Contardo Calligaris para Folha

Domingo passado, em São Paulo, foi o dia da Parada Gay.

Alguns criticam o caráter carnavalesco e caricatural do evento. Alexandre Vidal Porto, em artigo na Folha do próprio domingo, escreveu que, na luta pela aceitação pública, "é mais estratégico exibir a semelhança" do que as diferenças, pois a conduta e a aparência "ultrajantes" podem ter "efeito negativo" sobre o processo político que leva à igualdade dos homossexuais. Conclusão: "O papel da Parada é mostrar que os homossexuais são seres humanos comuns, que têm direito a proteção e respeito, como qualquer outro cidadão".

Entendo e discordo. Para ter proteção e respeito, nenhum cidadão deveria ser forçado a mostrar conformidade aos ideais estéticos, sexuais e religiosos dominantes. Se você precisa parecer "comum" para que seus direitos sejam respeitados, é que você está sendo discriminado: você não será estigmatizado, mas só à condição que você camufle sua diferença.

Importa, portanto, proteger os direitos dos que não são e não topam ser "comuns", aqueles cujos comportamentos "caricaturais" testam os limites da aceitação social.

Nos últimos anos, mundo afora, as Paradas Gays ganharam a adesão de milhões de heterossexuais porque elas são o protótipo da manifestação libertária: pessoas desfilando por sua própria liberdade, sem concessões estratégicas. É essa visão que atrai, suponho, as famílias que adotam a Parada Gay como programa de domingo. A "complicação" de ter que explicar às crianças a razão de homens se esfregarem meio pelados ou de mulheres se beijarem na boca é largamente compensada pela lição cívica: com o direito deles à diferença, o que está sendo reafirmado é o direito à diferença de cada um de nós.

O mesmo vale para a Marcha para Jesus, que foi na última quinta (23), também em São Paulo. Para muitos que desfilaram, imagino que a passeata por Jesus tenha sido um momento de afirmação positiva de seus valores e de seu estilo de vida -ou seja, um desfile para dizer a vontade de amar e seguir Cristo, inclusive de maneira caricatural, se assim alguém quiser.

Ora, segundo alguns líderes evangélicos, os manifestantes de quinta-feira não saíram à rua para celebrar sua própria liberdade, mas para criticar as recentes decisões pelas quais o STF reconheceu a união estável de casais homossexuais e autorizou as marchas pela liberação da maconha. Ou seja, segundo os líderes, a marcha não foi por Jesus, mas contra homossexuais e libertários.

Pois é, existem três categorias de manifestações: 1) as mais generosas, que pedem liberdade para todos e sobretudo para os que, mesmo distantes e diferentes de nós, estão sendo oprimidos; 2) aquelas em que as pessoas pedem liberdade para si mesmas; 3) aquelas em que as pessoas pedem repressão para os outros.

O que faz que alguém desfile pelas ruas para pedir não liberdade para si mesmo, mas repressão para os outros?

O entendimento trivial desse comportamento é o seguinte: em regra, para combater um desejo meu e para não admitir que ele é meu, eu passo a reprimi-lo nos outros.

Seria simplório concluir que os que pedem repressão da homossexualidade sejam todos homossexuais enrustidos. A regra indica sobretudo a existência desta dinâmica geral: quanto menos eu me autorizo a desejar, tanto mais fico a fim de reprimir o desejo dos outros. Explico.

Digamos que eu seja namorado, corintiano, filho, pai, paulista, marxista e cristão; cada uma dessas identidades pode enriquecer minha vida, abrindo portas e janelas novas para o mundo, permitindo e autorizando sonhos e atos impensáveis sem ela. Mas é igualmente possível, embora menos alegre, abraçar qualquer identidade não pelo que ela permite, mas por tudo o que ela impede.

Exemplo: sou marido para melhor amar a mulher que escolhi ou sou marido para me impedir de olhar para outras? Não é apenas uma opção retórica: quem vai pelo segundo caminho se define e se realiza na repressão -de seu próprio desejo e, por consequência, do desejo dos outros. Para se forçar a ser monogâmico, ele pedirá apedrejamento para os adúlteros: reprimirá os outros, para ele mesmo se reprimir. No contexto social certo, ele será soldado de um dos vários exércitos de pequenos funcionários da repressão, que, para entristecer sua própria vida, precisam entristecer a nossa.

Igreja mostra sua vocação para violência ao se impor aos não fiéis.
junho de 2011

Marcha para Jesus.



Comentários

Luan Cunha disse…
Sensacional esse artigo. Vou postar no meu blog também, mas vou dá crédito a você, é claro. Muito bom esse texto.

Quem quiser ver, tá aqui: http://arcoirisrevolucionario.blogspot.com/
AlyneS2 disse…
Hum...nunca tinha visto esse ponto de vista antes. Na verdade eu só não entendia muito bem. Isso tudo faz parte do que chamamos de "Alivio"? É o que essas pessoas querem conseguir fazendo isso. Se bem que em caso de traição, isso não tem nada haver, existem homem e mulher safados.
Anônimo disse…
gostei muito. Aqui na minha cidade existe até a polícia sexual liderada por várias igrejas evangélicas. Querem acabar com o São João, com a igreja católica, aponta os umbandistas nas ruas, discriminam os espíritas que ficam com medo de dizer que são espíritas, querem acabar com a festa tradicional. Esse pessoal quer ver o sofrimento só sofrimento
Anônimo disse…
Mais um texto excelente que li neste blog.É sempre gratificante aprender com essas pessoas tão inteligentes,articuladas e cultas que escrevem esses tesouros literários.O texto é absolutamente verdadeiro.
Anônimo disse…
Grande Caliigaris. Tive o prazer de ler um de seus livros e achei ótimo :)
Nathan disse…
sim... afinal, "a identidade é insustentável" (Baudrillard)
A Identidade, isto é, o "signo", a "significação", o "sentido", o "rótulo", a "classificação", o "modelo", o "estilo", o "padrão", e assim por diante, são formas de MORTE. É tudo aquilo que duplica o indivíduo, lhe reduz seu valor próprio, para dar valor à sua representação... É nesse sentido que a imagem toma "vida", e o corpo desaparece, morre. Hoje em dia, o que dita as atividades e o comportamento das pessoas são as imagens e identidades prevalecentes. Vc não pode ser vc mesmo: tem que ser uma réplica de um modelo cultural, estético, ideológico, etc...
É por isso que as pessoas saem fantaziadas, mascaradas, tatuadas: longe de afirmar a sua liberdade, estão se rendendo à tirania da Imagem, do Modelo, em detrimento delas próprias...

e o pior é que todos insistem em "lutar" pela defesa dos "projetos de lei"... ninguém tem a tão almejada "liberdade" estando sob a Lei.
Não vivemos um período de liberdade, muito menos de "liberalismo", mas sim de FASCISMO... estão todos se tornando fascistas: religiosos, cristãos, feministas, gays, punks, roqueiros, nerds... são todos fascistas...
E não é só eu que digo isso... basta ler Walter Benjamin, Saussure, Derrida, Flusser, Baudrillard...

o que esse povo tá fazendo é tudo muito ridículo...
¬¬
EneidaMelo disse…
Argumento bem interessante.
Anônimo disse…
O que o Anônimo 30/06/11 14:51 disse também ocorre em minha cidade,e acredito que deva ocorrer em todo o Brasil.
O que o Nathan disse também é muito interessante,o povo está caricaturado,exarcebando suas ideologias.Exemplo:sou simpatizante ou gay então vou me fazer de coitado e condenar os evangélicos.Ou no caso contrário:sou cristão-ainda que não praticante-então vou lutar contra a "praga" da homossexualidade,porque a bíblia diz que é errado e assim me ponho.
Respeito é imprescindível para se conviver em sociedade,e no fascismo que você citou não existe respeito!
Anônimo disse…
Ótimo texto. Mas quero deixar minha opinião.

Há mesmo que haver limites a certos tipos de manifestação que não se embasam em leis e realidades, mas em meras afirmativas (como Slut Walk e certas manifestações cristãs e evangélicas) justamente pelo caráter paradoxal e em muitos casos, contraditórios que elas possuem. Há realmente a diferença entre defender direitos com base nas leis e simplesmente se autoafirmar exigindo outras coisas (muitas vezes até impossíveis, dependendo da legislação que for vigente). No caso da autoafirmação, há muitas arbitrariedades de cunho questionável e que muitas vezes são desnecessárias, ineficazes e até absurdas para conquistar a causa em questão, gerando ineficiência dos movimentos e nos casos mais graves, caos e guerras urbanas desnecessárias.

Concluindo, manifestações não deixarão de existir, pois é característica do homem social. Contudo, há sim métodos ainda melhores do que as manifestações afirmativas para se expor opiniões ou conquistar direitos. O importante é minimizar as manifestações (principalmente as repressivas e contrárias às leis) e fornecer, dentro do possível, alternativas a elas.
Anônimo disse…
Concordo com os argumentos expostos pelo Nathan, que obviamente não são dele, mas da razão, pela qual num debate, não há vencidos, nem vencedores, mas CONVENCIDOS (pela razão, o universal, comum a ambos). Ao ser vencido pelos argumentos dele, sou vencido pela minha própria razão que com eles concorda. Então sinto-me convencido, não por ele, mas pela própria razão. Creio que ele entenda isso, pois é um ser claramente inteligente, e que pensa por si mesmo, ao interagir com as (diga-se de passagem excelentes) leituras e com os autores, PENSA POR SI MESMO; não é um repetidor ou papagaio como vemos alhures, e algures, de citações e máximas, além das eternas e repetidas referências ao mesmo, ao idêntico. Voltando ao assunto das passeatas...Elas fazem-me lembrar o golpe de 64. Tivemos muitas delas, orquestradas pela direita ultracatólica, a mesma que por extensão e financiada às vezes por idênticos setores,se desdobra em meio ultrafundamentalista protestante. A pergunta é...A quem interessa uma massa de manobra impregnada do evangelho da Escola de Chicago, sob o dogma do empreendedorismo? Qual o real interesse dessa massa manipulada, senão panem et circensis?
Anônimo disse…
Quanto ao caso específico dos homodivergentes, uma vez que o termo heterossexual é ambíguo, posto que a diferença, sentido originário do radical HETERO, está mais associada aos gays, os verdadeiros diferentes; creio que o raciocínio do autor é razável...sou marido para melhor amar a mulher que escolhi ou sou marido para me impedir de olhar para outras? Poderíamos acrescentar...sou marido porque sou heterossexual, ou sou heterossexual porque sou marido? Porque há muitos bissexuais que optam pela heterossexualidade e defendem esta contra a afirmação da própria homossexualidade, o que motiva á muita exteriorização da autorejeição, sob forma de perseguição.

Não é apenas uma opção retórica: quem vai pelo segundo caminho se define e se realiza na repressão -de seu próprio desejo e, por consequência, do desejo dos outros.

Argumento brilhante, que explica o mecanismo fundamental da paranóia, este olhar enviesado, segundo JASPERS, que define o outro para quem olho e inconscientemente persigo, como o meu perseguidor, é ele que para mim está olhando...
Pessoas perseguidas ou abusadas sexualmente ou até simplesmente assediadas pelos pais ou agressores próximos, tendem a desenvolver o delirio persecutório sob paranóia...O gay pode ser a imagem projetada no inconsciente coletivo, do pai omisso, do pai ausente, do pai refratário à autoridade, quanto o pai tirânico e perverso é a projeção do macho civilizador, aquele pelo qual inconscientemente a maioria clama sob justiça, segurança e ordem...

Para se forçar a ser monogâmico, ele pedirá apedrejamento para os adúlteros: reprimirá os outros, para ele mesmo se reprimir. No contexto social certo, ele será soldado de um dos vários exércitos de pequenos funcionários da repressão, que, para entristecer sua própria vida, precisam entristecer a nossa.


Esse é o problema. Lares funcionais, famílias funcionais, realmente uma minoria, sermos governados, manipulados, manobrados, pela imensa maioria de neuróticos filhos e herdeiros de pais psicóticos, com imagens desfocadas de pai e mãe, projetando no mundo seus demônios de identificação com os semelhantes e exclusão dos diferentes. Como identidade e diferença são padrões massivamente neuróticos de assemelhação, a imagem substitui a pessoa real, a significação criativa que a diferença criadora proporcionaria; substitui-se pelo simulacro da moralidade, da perfeição, da santidade, ou da justiça. Sonhos estéticos e éticos de um mundo de iguais e perfeitos, pasteurizados, homologados. E ai de quem não se enquadrar ao modelo de "saúde social" , como diz Krshnamurti, para quem o padrão de desajustamento é considerado inadequação e doença, em relação à uma socidade profundamente doente.
Nathan disse…
olá Anônimo! hey, fico honrado por suas considerações! obrigado!
Eu posso ser inteligente, mas vejo que vc é muito mais inteligente do que eu, rs! :D

Concordo plenamente com sua observação a respeito de Jaspers, esta que analisa o "outro como meu perseguidor, a quem inconscientemente persigo", etc..
Eu vejo praticamente como um "eterno retorno" de impulsos repressores no indivíduo que reprime o próximo, mas que, com isso, reprime a si mesmo, sem perceber...
Vejo isso não só no monogâmico conservador, mas também em todas as tribos urbanas militantes de modelos ideológicos, morais e estéticos... Portanto, nenhum deles escapa: evangélicos, machistas, feministas, políticos, gays e, por extensão, a classe burguesa capitalista INTEIRA... São todos vítimas não só de uma "repressão" que vêem no mundo externo, mas também da repressão de si mesmos. Estão todos impregnados da própria consciência corrompida e adoecida... Por isso, saem às ruas todos muito orgulhosos e fantaziados, afirmando uma identidade estética (acompanhada da identidade ideológica) e tomando o outro como necessariamente seu "inimigo", se este não for partidário da mesma identidade, e se não tiver em si pendurada toda a parafernália estética de identificação... Querem acabar com o status quo com mais status quo, e assim por diante...
Em vez de defenderem "liberdade", "igualdade" e "justiça", se prendem em seus próprios paradigmas, tornam-se escravos de seus próprios impulsos libidinais (reprimidos), de seu próprio orgulho, e paranóicos com sua visão de realidade já completamente iludida, RECALCADA...

Eu só posso concluir que o mundo atual está se afundando cada vez mais nessa insustentabilidade generalizada, à medida que cria mais padrões de identificação social, moral, estética e ideológica. À medida que "produz cultura", "sentido", acumulando sempre mais resignificações, em vez reduzirem a zero toda significação e todo o sistema de atribuição de valor (tanto lingüístico quanto econômico)...
Em um mundo imerso, afundado em sua própria ilusão, os militantes reunidos em facções vão matar uns aos outros, em função de suas respectivas ilusões, e vão acabar destruindo o mundo inteiro (já destruído) por causa disso...

eu me livrei desse sentimento bélico já há muito tempo... escolhi comer pipoca e assistir ao espetáculo dos fanáticos destruindo o nosso planeta...
Anônimo disse…
Concordo com o artigo e sobretudo com os comentários de Nathan. Pelo nome, deve ser de origem escriturística. Na familia de meu marido há um Nathan, e um Oman, e vivem brigando pelos nomes, porque um se acha mais árabe que o outro por "não ter nome judeu".(rs). Creio que a questão da identidade é muito mais profunda, está na "forma" de pensar, que, em geral, é como se fosse fixada nessa repetição de um modelo. Acontece a mesma coisa com os nomes, ou as palavras. Em nossa cultura há uma belíssima legenda que fala das palavras como sopros, ou zéfiros, que foram soltas pelos mensageiros celestes, e depois eles mesmos não conseguiram retomar. Daí os homens deram a elas diversas significações, de acordo com as diferentes línguas, e como no mito judaico da Babel, instalou-se a confusão e não há mais como pacificar. Por isso gosto tanto das diferenças, e dos diferentes. Quando a pessoa começa a querer um mundo perfeito, mulheres perfeitas, tudo perfeição, ela está completamente possuída por uma obsessão; pior, por uma exigência interior implacável, tirânica, de que o mundo e os demais se assemelhem à ela. E mais cruel é essa exigência depois assumir a forma de uma compulsão, uma "necessidade" que seja assim, ou daquele outro modo, aí o inferno religioso é um exemplo, e o mundo em guerra é o espelho dessa tragédia. Ao passo que as diferenças, e os diferentes, contribuem para um mundo com menos exigências de perfeição, e menos "necessidades" de assemelhação, portanto, menos enquadramento. Mas infelizmente o mundo de vocês, o mundo Ocidental, está sofrendo de um retrocesso, para antes de 68 na França, para antes da revolução dos 50s, com essa obsessão-compulsão por padronização, até mesmo entre os "diferentes". Um amigo de meu marido que é cirurgião-dentista, fala que em sua profissão hoje há uma "preocupação" doentia com uma espécie de embranquecimento dos dentes, mesmo que venha a prejudicar a proteção natural do esmalte, que dá o tom amarelado. Em Marrocos há brasileiros ganhando um bom dinheiro, e também em Portugal, alisando com ferros quentes (nós também temos uma tecnologia similar, menos agressiva) e até formol cabelos africanos naturais, crestados e ondulados. O mundo inteiro parece "desejar" ser como as atrizes hollywoodianas, brancas, louras, de olhos azuis, e "felizes"(?). Um certo jogador de futebol muito famoso, que faz muito sucesso no mundo masculino (sim, os homens em todas as culturas adoram futebol), está cada vez mais descaracterizado de sua própria etnia. Assemelha-se aos barões do tráfico norte-americano e ídolos do hip-hop: cabelos alisados quimicamente, oxigenados e daqui a alguns dias, provavelmente com lentes de contato coloridas. Aquele mundo de diferenças, de multiculturalismo, que encantava os viajantes, acabou. Que pena.
Anônimo disse…
Assisti a um filme comovente, de conteúdo ideológico considerado herético, em nossa cultura, quanto na cultura judaica (acho que também na cristã e em todas as culturas), cujo final pungente é ao mesmo tempo questionador: até que ponto as diferenças são incômodas , ao ponto de nos apegarmos à uma igualdade fictícia, como a do modelo ou padrão do qual fazemos parte? Somos realmente obrigados a ser iguais, a rejeitar e aniquilar os diferentes? Mas não somos todos diferentes, porque singulares, únicos, e não somos todos iguais porque fazemos parte de uma unidade igualitária? Por que o outro agir de outro modo, comer de outro modo, rezar de outro modo, fazer sexo de outro modo, me incomoda?
Quero dizer, incomoda a quem sente o incômodo, não a mim. O único incômodo que me fazia pensar em ser mulher eram aqueles dias mensais, e curioso é que descobri numa literatura que falava do Nordeste brasileiro, prova da universalidade das culturas, que a palavra naquele tempo e lugar para a situação em que se encontrava a mulher era "incomodada". Achei a palavra exata! O mais, nada me incomoda. Pessoas sem educação e que fazem tudo para chamar a atenção, sobretudo agora com a expansão dos limites econômicos, que não sabem portar-se em público porque não foram educadas desde cedo para tal, incomodam ao meu marido, não a mim. Simplesmente saio de perto. Eu penso assim, se dou a outrem o poder de me sentir incomodada, estou dando a ele o poder que é só meu. Estou baseando o meu bem-estar na conduta alheia, isso é uma fonte de infinita vulnerabilidade. Minha mãe ensinou-me desde cedo: as oportunidades que temos de ser felizes são poucas, não desperdiçe uma só delas. Assim como não entreguei ao homem que me ama o poder de fazer-me feliz, pois sinto-me feliz comigo mesma, não dou a mais ninguém esse poder que é só meu. Procuro agir como se eu fosse um país. Tenho meu território, minha lígua, religião, e governo próprio. Defendo minha soberania. Se o Estado é amigo e tem comigo relações diplomáticas, muito bom. Se quer guerra, deixo-lhe guerrear sozinho. Procuro barrá-lo com sanções econômicas, (rs, nada é perfeito), e retiro de lá meus embaixadores. Silêncio total. Jamais, reclamações, ou demonstrações que estou "incomodada". Noto que as pessoas de modo geral ultimamente encontram-se muito frágeis, muito vulneráveis, aos "incômodos". Aquele mundo de pessoas fortes, que escondiam as fraquezas, que burilavam-se em silêncio, que antes de vencer na vida venciam a si mesmas, acabou. Que pena.
Anônimo disse…
De certa forma, este artigo, bem engendrado, critica os que criticam. Ora, se sou, hipoteticamente, admirador da filosofia nazista, contra o uso indiscriminado de drogas, e a favor da bigamia, por que não ter o mesmo direito de manifestação como o que acontece com os glbts e maconheiros tendo em vista que o embasamento do STF para a aprovação do "casamento" gay preconiza a liberdade de escolhas?
Ademais, mesmo sendo contra, por que impedir, por exemplo, que pessoas que queiram se relacionar com criaçãs possam se manifestar? Uso de drogas e pedofilia são crimes, mas os pedófilos seriam mais criminosos que um usuário de crack que é capaz de matar por causa de uma pedra?
o que existe, na verdade, é muita HIPOCRISIA.
Eu participaria tranquilamente de manifestações pró-pena de morte para que seja realmente feita a justiça neste país.
Anônimo disse…
A questão é que não há direito, como não há tudo o mais, em se tratando de seres vivos, ONDE NÃO HÁ VIDA.
ONDE NÃO HÁ VIDA NÃO HÁ DIREITO. Portanto, é absurdo, é ilógico, é irracional, um contrasenso, uma contradição de termos, direito à morte.

Pedir direitos para antihomofóbicos é nulidade, é desrazão, é má-fé, é loucura que o direito verdadeiro jamais concederá.

Pois o direito contra a homofobia É A AFIRMAÇÃO DA VIDA CONTRA A MORTE das vítimas da homofobia.

Direito a favor da homofobia, ou contra quem é contra a homofobia, é ilogicidade, é falsidade, é falácia, é retorsão de argumento, é crime sob capa de justiça e letimidade,


MONSTRUOSIDADE APENAS POSSÍVEL NA CABEÇA DOS CELERADOS PASTORES EVANGÉLICOS, a pior camarilha de ladrões que este país já viu aparecer.
A pior corja de estelionatários, criminosos, que infelizmente, entraram na política e se tornaram deputados.
O Nathan tem razão. As pessoas hoje não dão mais valor à própria liberdade. Veja o que houve nos EUA: por causa de um incidente causado pela incompetência das instâncias decisórias e pelo ineditismo do ato, criaram um aparato policial de vigilância e de violação que chega a absurdos como, recentemente, obrigar uma senhora de 92 anos a despir-se para revista. E ninguém reclama, todos aceitam ser tratados assim. E não é só lá. É uma praga que se dissemina.
Cé S. disse…
De maneira mais intrincada, o psicólogo Robert Trivers chega a uma conclusão próxima desta de Calligaris.
Anônimo disse…
Parabenizo os comentadores Nathan e José Geraldo Gouveia,
vivemos sob um fascismo global, e sob o pretexto de racismo de defesa, é que os Estados Unidos instituiram aquele Ato Institucional que reduziu as liberdades dos cidadãos para suposta proteção contra terroristas.
Aqui ocorre o mesmo, nesta criminosa tentativa de se deixar um único grupo social à mercê da violência, algo como TODOS NELES SE SINTAM COM DIREITO DE BATER. Não podendo mais escravizar os negros, nem oprimir as mulheres, restam os gays, sob a falácia de serem inimigos da natureza, contrários ao projeto de Deus. Isso produz na consciência do vulgo, no mais inferior populacho, a autorização indevida de bater, espancar, apupar, vilipendiar, submeter à tortura, ao constrangimento, à humilhação e perseguição pública, MATAR os homossexuais. Qualquer excluído pode sentir-se menos excluído e até incluído, se diferenciar-se de um gay. O gay é a escória, a pior praga, pela qual os outros leprosos sociais se felicitam por não ser...Sou pobre, mas não sou gay. Sou negro, mas sou macho. Sou feio, mas não dou o rabo. É esse o tipo de consciência solidária, amor, humanidade, dignidade, caridade, que os evangélicos querem fundamentar com o golpe político-religioso da perseguição nefanda aos gays?
É esse o tipo de sociedade do futuro onde o Brasil entrará no grêmio das nações economicamente desenvolvidas e ecivilizadas?
Fernando disse…
Diz o texto: "Importa, portanto, proteger os direitos dos que não são e não topam ser "comuns", aqueles cujos comportamentos "caricaturais" testam os limites da aceitação social." Concordo até o ponto em que comportamentos de certas comunidades não venham causar danos a comunidade global. Ou seja não podem nos impor que venhamos aceitar comportamentos que venha a prejudicar a nós e a nossas crianças. Exemplo leis como a pl 122, é contra isso que lutamos e não a favor da opressão, se uma pessoa faz a sua opção ou escolha em torno de qualquer coisa na vida deve arcar com as consequências de não ser aceito por todos. Voce não é obrigado a escolher o mesmo e nem apoiai-lo, pois se ele cair num buraco, levará você junto. Vale o velho ditado: "quem anda com porco farelo come".
Fernando disse…
O autor se apoia em muitas suposições e teorias. Falhas.
Fernando disse…
Que liberdade? Sim o Natham tem razão. "Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado. João 8:34", Porque, falando coisas mui arrogantes de vaidades, engodam com as concupiscências da carne, e com dissoluções, aqueles que se estavam afastando dos que andam em erro,
Prometendo-lhes liberdade, sendo eles mesmos servos da corrupção. Porque de quem alguém é vencido, do tal faz-se também servo.
Anônimo disse…
Servos da corrupção pior que os evangélicos não há. Apóiam o Estado de Israel, a política externa dos Estados Unidos da América, a falcatrua política dos acordos espúrios, acobertamento de ministros ladrões, trocas imundas com candidatos QUE ELES SABEM NÃO SEREM EVANGÉLICOS, MAS APRESENTAM AOS OTÁRIOS COMO CANDIDATOS HOMENS DE DEUS EM TROCA DE MUUUUUUITO DINHEIRO...Enfim, quem são os fariseus cegos, hoje? Os evangélicos, porque querem guiar-nos, sendo eles mesmos cegos? Quem são os vendilhões dos Templo hoje?
Os evangélicos, que roubam-nos, saqueiam-nos, dizimam-nos, pilham-nos, tributam-nos, taxam-nos, extorquem-nos...Nada pior que a máfia evangélica, a camarilha evangélica, a súcia evangélica, a malta evangélica, a matilha evangélica, que infelizmente chegou ao parlamento e comprou, subornou, chantageou, a quem pôde. Mas não ao Supremo!!!
Anônimo disse…
Ocorre Cristão(cabeça duríssima)que homossexualidade a despeito da sua idiossincrasia fundamentalista limitada e cega somatizada ao reducionismo crítico da oratória bíblica e do discurso repetitivo e capcioso da turma demenciada do cristianismo xiita que vive macaqueando os pastores mentiros e hipócritas (fariseus up-to-date)não é nem nunca foi escolha e nem é doença.Tecnicamente o seu comentário não tem valia nem sustentaculação nenhuma.Homossexualidade é uma condição natural e situacional factual de uma orientação sexual oriunda de um estado particular padronizado de uma estruturalidade de um recurso de expressão sexual concernente a uma pessoa e peculiar a ela própria.Jamais uma opção.Denominar uma sexualidade,seja ela homossexualidade ou heterossexualidade,é no mínimo desinformação,ignorância ou má fé.
Anônimo disse…
Refazendo:denominar homossexualidade de opção é desinformação no mínimo ou ignorância quem sabe até má fé.
Anônimo disse…
Corrupção, imoralidade, sodomia pior que a das Igrejas evangélicas não há.
Anônimo disse…
Realmente, não há justificativas para essa busca insana pelo furto dos direitos alheios.
Anônimo disse…
Maravilhoso!!!!!!!!!!!!!!!!
Anônimo disse…
Se tivese direitos iguais e garantidos por lei para todos, não precisaria de paciata.
Anônimo disse…
Muito bem observado.
pergunta de novo disse…
"Por que alguém desfila para pedir repressão para os outros?"

Boa pergunta para ser feita aos militantes gayzistas (e simpatizantes amestrados) que desfilam na Parada Gay pedindo PLC 122 e outras medidas para REPRIMIR, CENSURAR e PUNIR quem discorde deles.

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