Pular para o conteúdo principal

Entre as pernas de uma mulher, só boas emoções nos esperam

Título original: As razões do sexo

por Luiz Felipe Pondé
para Folha

A cara leitora já sabe que não sou um apreciador do feminismo. Acho-o excessivo, mas não desnecessário. Sim, existem dimensões da sociedade que pedem um combate contra maus hábitos. É um absurdo, por exemplo, mulheres ganharem menor salário pela mesma função, serem obrigadas a viver com canalhas ou terem os estudos e a vida profissional negados.

Mas, nos últimos anos, o feminismo tem prestado um grande desserviço às mulheres, estimulando nelas ressentimento e solidão, e levando-as a enganos, como, por exemplo, afirmando coisas irreais como a não importância da maternidade para a maioria esmagadora das mulheres.

No campo dos afetos e das relações, a ideologização maníaca de tudo por parte das feministas só atrapalha a já difícil vida a dois. Essa mania se traduz na ideia de que, em toda parte, tudo seja poder e opressão. A vida sexual tem razões que a própria razão desconhece.

Deve mesmo ser um saco ter que aturar chatos que se acham no direito de invadir sua privacidade com convites idiotas. Mas, afinal, como saber quando você é ou não um idiota? Não é tão óbvio assim, porque, quando estamos interessados numa mulher, sempre ficamos um tanto idiotas. Pela sua beleza, por seu charme, seu mistério e, acima de tudo, suas pernas.

Uma prova dos excessos do feminismo são movimentos políticos que beiram a afirmação de que uma mulher plenamente emancipada tem que ser homossexual. Tudo bem, "cada um é cada um", mas essa pregação é uma coisa de ressentida mesmo.

Uma das coisas que me fascina nas mulheres é o fato de que não as entendo. Nessa "maldição" da diferença partilhada reside o exercício contínuo da transcendência que marca a condição heterossexual.

Amigas minhas de bem com a vida e sem ressentimentos não perdem um minuto de suas vidas com esse rancor feminista. Falo daquele tipo de mulher que sabe que um homem que gosta de mulheres vive constantemente sob o poder do desejo feminino. O melhor argumento a favor da emancipação feminina, do ponto de vista masculino, é ter mulheres como colegas de trabalho. Tudo fica melhor, mais leve, mais encantador.

Recentemente ouvi dizer que, numa feira de livros em algum Estado do Brasil, fizeram marcadores de livros, totens e camisetas com a imagem de uma mulher com as pernas para o ar, com meia-calça (espero que com sandálias de salto alto), e um texto que dizia algo assim: "Aqui tem sempre uma emoção esperando você".

Para um apreciador do sexo feminino, a imagem é perfeita. Entre as pernas de uma mulher suspensas no ar, apenas boas emoções nos esperam. Por exemplo, ser recebido por moças bonitas em feiras melhora o dia e nos faz pensar, por breves minutos, que a vida sim faz sentido. A voz, a silhueta, o cheiro, cada gesto do corpo parecem indicar a evidência de que os criacionistas têm razão: o acaso cego não saberia fazer tamanha maravilha viva. Num bar, depois de algumas cervejas, essa é uma prova cabal da existência de Deus. E mais: um erro comum é supor que os homens só se interessam pelo corpo das mulheres. Não, o corpo deve vir acompanhado de acessórios indispensáveis: a alma, as ideias, a conversa, a roupa.

Também sei que muitas dessas minhas amigas de bem com a vida riem da ira contra coisas assim. Elas pensam que uma ação de marketing como essa pode até ser interessante na medida em que facilita a conversa, dando a "deixa" necessária para uma noite divertida, após um dia "boring" (entediante) nesse tipo de evento.

Erra quem supõe que a erotização deva ser banida da vida profissional. Em determinados locais de trabalho, um certo grau de erotização contribui para a produtividade, dando uma "cor" ao cotidiano, que sempre tende ao preto e branco.

Sim, minha cara leitora, quando homens falam de mulheres a sério, o fazem sempre pensando em vocês como objeto. O mesmo acontece quando são mulheres conversando entre si: somos nós o objeto. Ainda bem. E por que seria diferente?

Mas devo confessar que reconheço o risco de falta de educação quando, em eventos de trabalho, imagens de mulheres são utilizadas de modo ostensivo. Lembro-me de uma vez, em outro Estado, quando, numa palestra, o conferencista terminou com a imagem virtual de uma mulher nua, inclinada sobre uma pia, fazendo movimentos insinuantes. Achei isso o fim da picada. Do meu lado, estava uma colega de trabalho. Pedi desculpa a ela por tamanha estupidez.

'A revolução sexual é puro marketing de comportamento.'
outubro de 2009

Artigos de Luiz Felipe Pondé.

Comentários

Anônimo disse…
Segundo o livro Backlash, de Susan Faludi, um dos princípios do Feminismo é fazer a mulher pensar por si mesma. Isto implica centramento, reflexão acerca das próprias escolhas e da própria vida, além de muito cuidado com as influências externas.

Concordo que o Feminismo, assim como vários outros movimentos de cunho social e político, é passível de muitos erros. No entanto, hoje ele tem se tornado cada vez mais banalizado, principalmente por estar se tornando um conjunto de regras e imposições padronizadas que mais desorientam as mulheres do que as guiam para a sua "liberdade".

Deste modo, tal como em uma sociedade patriarcal e machista, a mulher continua a permanecer submissa a preceitos que muitas vezes não são dela, incapaz de questioná-los e de perguntar a si mesma se é isso mesmo que ela deseja para sua vida.
Anônimo disse…
Sugiro que procurem a definição de FEMISMO e de FEMINISMO. Vira e mexe há confusão. Não que tenha tido aqui.. mas é valido. ^^.

Homossexualidade? feminismo? ham? cuma? Deuzemais.. as vezes tenho duvida sobre qual dos lados está mais desorientado. Abraços.

Ass: Anisol Dumont
Anônimo disse…
O amigo ai tá confundindo feminismo com FEMISMO, mas tenho certeza que ele sabia disso, afinal ele se considera apto a escrever artigos, né?
Jaciara Santos disse…
Texto odiável de um pseudo-intelectual (Luiz Felipe Pondé)
Claramente não sabe a diferença entre femismo e feminismo. Escreve o que pode ser caracterizado como "conversa (machista) de boteco".

Desde quando a maternidade não tem importância para as feministas, nós só não vejo a maternidade como uma obrigação (não somos apenas utero) é isso que eu critico, ser mãe ou não é uma escolha sua.

Que absurdo, então feminista que é feminista tem que ser lésbica ... só na cabeça do doente pseudo-intelectuas LF Pondé. Eu me pergunto onde ele leu isso ... ai na minha cabeça vem a imagem dele num boteca de esquina e eis que aparece a resposta.

Post mais lidos nos últimos 7 dias

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Veja 14 proibições das Testemunhas de Jeová a seus seguidores

Morre o americano Daniel C. Dennett, filósofo e referência contemporânea do ateísmo

Ignorância, fé religiosa e "ciência" cristã se voltam contra o conhecimento

Entre os 10 autores mais influentes de posts da extrema-direita, 8 são evangélicos

Veja os 10 trechos mais cruéis da Bíblia

Oriente Médio não precisa de mais Deus. Precisa de mais ateus

Vídeo mostra adolescente 'endemoninhado' no chão. É um culto em escola pública de Caxias

Malafaia divulga mensagem homofóbica em outdoors do Rio

O pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, está veiculando em 600 outdoors do Rio uma mensagem homofóbica: “Em favor da família e preservação da espécie. Deus fez macho e fêmea”. [reprodução acima] Talvez seja a primeira campanha de outdoor feita no país contra a homossexualidade. Ele disse que, com essa mensagem, pretende “despertar o povo de Deus para a gravidade” de projetos de leis que tramitam no Congresso Nacional e em Assembleias Estaduais em favor dos homossexuais. Recentemente, ao comentar a proposta da legalização da união de pessoas do mesmo sexo, ele partiu para o deboche. Disse que, se é para chancelar o vale-tudo, que se coloque também na lei a relação sexual com animais e com cadáveres. Em seu site, o pastor escreveu que “não podemos ficar de braços cruzados diante desse quadro desafiador”. REAÇÃO - atualização em 9 de outubro de 2010 Cerca de 30 pessoas dos grupos Liberdade e Gay Atitude de São Gonçalo estão manchando os outdoor

Ateu, Chico Anysio teve de enfrentar a ira de crentes

Humorista enfrentou a ira de crentes Chico Anysio  (foto) tornou a sua descrença em Deus pública em meados de 2010, ao comentar na internet a morte por atropelamento do filho da atriz Cissa Guimarães. “Que Deus é este que deixa que morra um menino de 18 anos?”, escreveu.