Letycia Bond / Agência Brasil Em um país marcado por abismos socioeconômicos, uma questão polêmica de saúde pública, como o aborto, acaba revelando privilégios. No Brasil, onde a interrupção da gravidez só é permitida em casos específicos, abortos seguros são prerrogativas de mulheres ricas que podem arcar com preços cobrados por médicos ou clínicas ilegais espalhadas pelo país. As mulheres pobres, em geral, recorrem a métodos perigosos em casa ou em clínicas de péssima qualidade. Muitas delas morrem devido a hemorragias graves causadas por procedimentos mal feitos. Também são elas as mais atingidas pela criminalização da prática. MULHERES POBRES CORREM RISCO DE MORTE; RICAS PAGAM O PROCEDIMENTO SEGURO De acordo com a publicação "20 anos de Pesquisa Sobre Aborto do Brasil", do Ministério da Saúde, a criminalização do aborto atinge especialmente mulheres jovens, desempregadas ou em situação informal, negras, com baixa escolaridade, solteiras e moradoras de ár