Gonçalves, hoje com 45 anos, e Suzane quando foi presa, 23 |
No dia 15 de janeiro de 2007, o promotor Eliseu José Berardo Gonçalves (foto), 45, em seu gabinete no Ministério Público em Ribeirão Preto e ao som de músicas românticas de João Gilberto, disse a Suzane Louise Freifrau von Richthofen (foto), 27, estar apaixonado por ela. Essa é a versão dela.
Condenada a 38 anos de prisão pela morte de seus pais em outubro de 2002, a moça foi levada até lá para relatar supostas ameaças de detentas do presídio da cidade. Depois daquele encontro com o promotor, ela contou para uma juíza ter sido cortejadar. Gonçalves, que é casado, negou com veemência: “Não me apaixonei por ela”.
Aparentemente, Gonçalves não conseguiu convencer sequer o Ministério Público, porque foi suspenso 22 dias de suas atividades por “conduta inadequada” e por também por ter dispensado uma testemunha importante em outro caso. Ele não receberá o salário correspondente a esse período.
O Fantástico de ontem apresentou detalhes da suposta tentativa de sedução pelo promotor. Sempre de acordo com a versão da condenada à Justiça, Gonçalves, antes de se declarar, disse estar apaixonado por uma moça e sonhava em tê-la em seus braços para beijá-la. Contou que não conseguira parar pensar nela e que, sob a inspiração dessa mulher, escreveu poesias de amor. Em determinado momento da conversa, Gonçalves disse a Suzane que a moça era ela.
“Isso é uma inverdade”, disse o promotor ao programa da TV Globo.
Suzane ficou de setembro de 2006 a fevereiro de 2007 na Penitenciária Feminina de Ribeiro Preto, a 313 km de São Paulo, até que fosse transferida para a prisão de Tremembé, a 133 km.
De dependesse dela, a transferência teria sido feito antes, porque chegou a pedir para sair dali por causa de hostilidades das detentas, mas o promotor teria dito para que ela continuasse lá porque assim ele poderia protegê-la.
Embora seja promotor-corregedor dos presídios da região, Gonçalves pouco aparecia na penitenciaria de Ribeirão Preto. Mas durante o período da prisão de Suzane, esteve lá cinco vezes.
Gonçalves requisitou à Justiça a presença da moça – então com 23 anos -- em seu gabinete em duas ocasiões. Na primeira, 5 de janeiro de 2007, os dois ficaram a sós por cerca de seis horas. Na segunda, quando teria havido a declaração de amor, os dois conversavam por mais de dez horas. Suzane ficava sem algemas, o que não ocorria com outros detentos.
Há testemunha de que o promotor a chamava de “Suzi” ou “Su”, que tirava fotos com ela e se despedia com beijo no rosto. O promotor reconhece que em uma oportunidade recebeu da moça um beijo no rosto diante de outras pessoas e que ele não poderia recusá-lo por uma questão de educação.
Suzane foi condenada por ter planejado a morte de seus pais, Manfred Albert e Marísia, a pauladas por Daniel Cravinhos, seu namorado, e Cristian, irmão dele.
O promotor Gonçalves disse ao Fantástico que, em suas conversas com a moça, ela falou que o mentor do crime foi o pai dos irmãos Cravinhos, o Astrogildo, que teria a inclusive providenciado “os instrumentos” usados para matar o casal.
Trata-se de uma informação nova, que não consta no processo. Gonçalves não explicou por que Suzane não falou antes, no Tribunal, sobre essa versão que lhe favorece. E porque só agora ele, o promotor, falou sobre isso, deixando de levar para o processo a possibilidade do envolvimento de uma quarta pessoa no crime.
'FALTA FUNCIONAL' - atualização em 28 de setembro de 2010
A Procuradoria-Geral de Justiça quer que seja apurado se o Eliseu José Berardo Gonçalves cometeu "falta funcional" ao revelar ao Fantástico que Suzane apontou Astrogildo Cravinhos com mentor da morte do casal. Para a Procuradoria, o promotor deveria ter investigado essa possibilidade, incluindo-a, se fosse o caso, no processo criminal.
Comentários
bem que dizem, tem de tudo nessa vida!!
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