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Vaticano 'lavou' milhões de euros, mostram investigações

por Fiorenza Sarzanini
para Corriere della Sera

Administração da Sé abria conta
para proteger dinheiro ilicito
Operações de lavagem de dinheiro através das contas abertas junto à APSA, a Administração do Patrimônio da Sé Apostólica. É a última linha de investigação iniciada pelos magistrados romanos que investigam as atividades do mons. Nunzio Scarano, o ex-diretor de contabilidade preso em junho por ter exportado milhões de euros de propriedade da empresa de transporte naval D'Amico. E que, depois, acabou no centro de mais um escândalo financeiro que envolve uma das estruturas estratégicas do Vaticano.

Foram precisamente as revelações do alto prelado que abriram cenários inéditos. E agora as verificações ordenadas pelo procurador-adjunto Nello Rossi e pelo vice, Stefano Pesce, concentram-se nessas transferências de dinheiro. Assim como aconteceu com o IOR, foram descobertos depósitos não relacionados com os religiosos utilizados para "proteger" transferências ilícitas de dinheiro.

No dia 8 de julho, assistido pelo seu advogado Francesco Caroleo Grimaldi, mons. Scarano respondeu às perguntas dos promotores e contou os bastidores de diversas operações, fornecendo inclusive os nomes de alguns "referentes".

"Nós, como APSA, não podíamos ter clientes externos, mas, embora não podendo, na realidade, atuávamos como banco, no sentido de que tínhamos uma coleção de poupanças e de formas de reemprego com o pagamento de juros aos depositantes. Eu fui recebido pelo cardeal Bertone alguns anos atrás, logo depois da sua nomeação, mas o encontro não teve nenhum efeito".

Os investigadores pediram para entrar nos detalhes, e Scarano declarou: "Havia contas de cardeais, geridas por Giorgio Stoppa, o diretor delegado anterior da APSA.

Também havia contas leigas, mas eu não me lembro de nenhum nome específico, senão o da duquesa Salviati, benfeitora do [hospital] Bambin Gesù.

Recentemente, fui ao encontro do cardeal [Ferdinando] Filoni [atual prefeito da Propaganda Fide], ao qual eu falei sobre as contas 'leigas'. O encontro ocorreu em 2010, e depois disso, com efeito, alguns funcionários foram afastados da APSA. [Paolo] Mennini[o diretor] tinha chegado quando Stoppa se aposentou, e tentava-se encontrar alguém que se ocupasse também de cobrir os esqueletos deixados por ele no armário.

Mennini trouxe consigo De Angelis. Os dois tinham uma relação estreita com Marco Fiore, que trabalha para os D'Amico em Montecarlo. Stoppa geria de maneira patronal e opaca o seu setor. Mennini reconheceu-lhe um tratamento de aposentadoria muito abundante.

Mennini também tinha trazido uma certa Maria Teresa Pastanella, que gozava de um tratamento privilegiado, mesmo não tendo nenhum título de estudo. Por efeito do meu encontro com o cardeal Filoni, também foram fechadas as contas dos leigos".

As investigações realizadas pelos especialistas do Núcleo de Valores da Guarda de Finanças, liderado pelo general Giuseppe Bottillo, reconstituíram uma operação de lavagem de dinheiro de 20 milhões de euros que o prelado teria realizado sobre contas pessoais do IOR para favorecer D'Amico.

Agora novas verificações orientadas deverão ser realizadas sobre as indicações de Scarano aos magistrados, que, durante o interrogatório, tinham lhe perguntado se ele tinha falado com a hierarquia vaticana sobre o acontecia dentro da APSA.

Ele declarou: "Eu referi a Filoni sobre uma operação feita pelo banqueiro Nattino". A referência era à família fundadora do banco FINNAT. Ele continuou: "Eles tinham uma conta na APSA (mais tarde fechada), e um filho de Mennini, Luigi, trabalhava no banco por ele dirigido. Ele fez uma operação de agiotagem sobre a qual se falava nos corredores, que dizia respeito a títulos do seu banco que sofriam oscilações e que eram comprados e vendidos, de fato, disfarçadamente.

Pelo que eu me lembre, os títulos tinham sido feitos diminuir de valor propositadamente, e Nattinoos readquiriu no momento certo, sem aparecer, e servindo-se do amparo APSA. Houve mais operações desse tipo.

Quando o cardeal Filoni tomou medidas, isso desencadeou o fim do mundo, e eu fui promovido depois desses eventos, embora a promoção, de fato, tenha me colocado fora do perímetro operacional. Eu também tinha suspeitas sobre mudanças repentinas nos bancos com os quais operavam (considere-se que transferiam milhões de euros). Em um caso, fiquei interessado em um instituto onde trabalhava o pai do genro de Mennini, mas eu não sei qual era o banco".

Com tradução de Moisés Sbardelotto para IHU On-line.





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junho de 2011


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