Talvez tenha sido inédito no STF (Supremo Tribunal Federal): na semana passada, ao julgar o caso de uma mulher grávida que contraiu uma infecção em hospital público do Distrito Federal e teve, por causa disso, uma criança com paralisia cerebral, cegueira, tetraplegia e epilepsia, o ministro Celso de Mello (foto) não conteve a emoção e chorou. Depois, na sentença, ele se indignou com a insensibilidade do Estado (no caso, representado pelo governo do DF) que deixou a mulher e a criança desamparadas por quase dez anos. Escreveu: “Esse caso mostra que há processos em que o próprio juiz se emociona e se angustia, tal o grave quadro de desamparo social que se abateu sobre um ser humano tão vulnerável, causado pela frieza burocrática do aparelho do Estado e agravado pela insensibilidade governamental.” Mello determinou ao governo do Distrito Federal o pagamento à criança de pensão mensal no valor de dois salários mínimo (R$ 1.010), não só daqui por diante, mas desde o nascimento dela.
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