Costa defende a Telefônica no caso do apagão da internet

Veja só: o ministro Hélio Costa (Comunicações), foto, poupa a Telefônica de crítica no caso do apagão da internet, o primeiro do Brasil. Na verdade, pior, ele defende a empresa tão bem que o próprio presidente da Telefônica não saberia fazê-lo.

Nesta sexta-feira, depois dos transtornos que o apagão de 36 horas causou a milhões de pessoas e quando se discute a fragilidade do sistema de banda larga da Telefônica, sabe o que o sr. ministro falou?

Falou que esse tipo de problema pode acontecer “em qualquer país”.

Disse que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) poderá multar a Telefônica em até R$ 50 milhões, mas, acrescentou logo, isso será muito difícil de ocorrer.

Mas difícil por quê? Porque, disse, falhas podem ocorrer sem que exista um culpado. Ah, é?

“Nós sabemos que sistemas eletrônicos são passíveis de falhas. Às vezes um raio cai num lugar e pode desencadear uma crise”, disse.

Bem, não foi um raio que causou o apagão, foi a incompetência da Telefônica. No mais, alguém precisa avisar o ministro que Benjamin Franklin inventou o pára-raio em 1752.

Costa é tido como defensor dos interesses da Rede Globo, onde trabalhou por muito tempo, foi correspondente nos Estados Unidos etc.

Agora, fica mais claro que ele também é um aliado das teles, em vez, como ministro das Comunicações, manter um distanciamento crítico em relação a essas empresas.

Em resumo, é isto: o ministro afirma que não se pode punir a Telefônica, já os milhões de usuários do sistema de banda larga da empresa têm de se conformarem com a incompetência da empresa. E com a suspeita (no mínimo) atuação do ministro das Comunicações.

ATUALIZAÇÃO – O presidente da Telefônica, Antônio Carlos Valente, informou nesta tarde que a causa do apagão foi um problema no roteador de sinais instalado em Sorocaba (SP).

A informação comprova a fragilidade do serviço de banda larga da Telefônica. Basta um roteador pifar para que toda a rede caia.

Não existe um mecanismo automático que desvie o fluxo de dados para outro roteador. Não há um plano B, um sistema de contingenciamento.

Só existe mesmo um ministro das Comunicações para justificar a incompetência da Telefônica.

> Ministro leva cinco assessores e sogros a feira nos EUA. (maio de 2008)

> Telefônica 'promove' o primeiro apagão da internet no Brasil.

> Líder em queixas, Telefônica dá prêmios a funcionários do Procon. (dezembro de 2007)